O que é o Sonambulismo?

O sonambulismo é um tipo de parassonia. Mas o que são parassonias? Parassonias são comportamentos ou sensações involuntárias, por vezes, desagradáveis que ocorrem durante o estado de sono ou na transição sono-vigília. 

A depender do momento do sono no qual ocorrem podem receber o nome de parassonias do sono REM ou parassonias do sono Não-REM (NREM).  O sonambulismo é um tipo de parassonia do sono NREM. Ele é definido como um transtorno do despertar e pode ocorrer em adultos e crianças.

É mais comum em crianças entre 5 e 15 anos, desaparecendo ao redor dos 15 anos de idade. Cerca de 25% das crianças com sonambulismo persistem com sonambulismo na fase adulta. Por volta de 4 % dos adultos são sonambulos e é comum o paciente ter história familiar de sonambulismo. 

Durante o mesmo, ocorrem comportamentos motores que tem seu início de forma abrupta a partir do sono NREM, podendo ocorrer comportamentos semi-estruturados e automáticos como sentar-se na cama, levantar-se e até deambular vagarosamente e calmamente de olhos abertos, com olhar vidrado, mas sem expressão de medo ou terror. 

O paciente pode conseguir um certo grau de gerenciamento do meio ambiente, evitando obstáculos ou superando-os, como abrir portas. Mas ainda assim, podem ocorrer incidentes durante tais episódios, como cair de escadas. 

Alguns eventos podem associar-se a alucinações aterrorizantes do tipo visuais, nas quais os pacientes relatam necessidade de escapar de situações de perigo, como intrusos no ambiente, cobras, etc. 

Nos adultos, podem ocorrer manifestações motoras mais vigorosas, como correr, gritar, atos agressivos ou até conduzir veículos. Nessa faixa etária, podem ocorrer ainda  relatos de sonhos fragmentados e pouco estruturados, geralmente do tipo luta ou fuga.

Os episódios terminam espontaneamente após cerca de 1 a 19 minutos, mas existem relatos de eventos durando horas.

Normalmente o paciente não recorda o episódio.

Podem ter alguns outros sintomas associados ao sonambulismo como enurese (urinar na cama), sonilóquio (verbalizar durante o sono), bruxismo e enxaquecas.

O diagnóstico é predominantemente clínico. Pode ser realizado um exame chamado polissonografia com monitoramento por vídeo, mas seu uso não é essencial ao diagnóstico. Como existem outras doenças que podem ser confundidas com parassonias do sono NREM, como as epilepsias, é importante também levar em consideração esse e outros possíveis diagnósticos diferenciais. 

Nem sempre é necessário tratamento medicamentoso e o mesmo se baseia no impacto da parassonia na qualidade de vida do paciente. 

Como o evento é autolimitado, por vezes, apenas a observação e orientação aos familiares sobre como lidar com o paciente já pode ser suficiente, 

Algumas orientações são: Manter a calma, conduzir o paciente de forma suave até o seu quarto para que o mesmo se deite e retome o sono. Evitar acordar o paciente, porque,

caso o mesmo seja acordado durante o episódio, pode apresentar confusão mental com agitação e tanto o paciente como o interventor podem se machucar.

As orientações sobre higiene do sono são essenciais por diminuir a frequência e despertares durante a noite. Evitar álcool e alimentos cafeinados tem o mesmo propósito.

Caso seja necessário medicação, habitualmente os medicamentos mais utilizados são efetivas mesmo em doses baixas. O objetivo dos mesmos é consolidar o sono e reduzir os episódios de despertar que podem ativar os centros motores da parassonia. As medicações que possuem mais evidencia são os benzodiazepínicos e antidepressivos tricíclicos. ​

Portanto, caso você apresente algum transtorno do sono, é importante procurar um neurologista para realizar seu tratamento adequadamente. ​​

Escrito por: Dra Sheilla Machado

Fonte: Tratado de Neurologia da Academia Brasileira de Neurologia